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Tive Coronavírus e perdi o olfato. O que devo saber?

Tive Coronavírus e perdi o olfato. O que devo saber?
11/09/2020
2 min. de leitura

O Coronavírus se mostrou um desafio para os médicos do mundo todo e ainda estamos longe de conhecemos todas as faces da doença que este vírus pode causar. A perda do olfato (anosmia) é uma característica marcante do coronavírus, mas não é algo totalmente desconhecido para nós otorrinos. Sabemos que uma das maiores causas de perda olfativa é a do tipo pós infecciosa. Causada por vírus de resfriados comuns que podem até mesmo, na minoria dos casos, cursar com perdas olfativas irreversíveis.

Diferente dos quadros de resfriado que cursam com anosmia, a anosmia da COVID-19 é súbita e intensa, altamente prevalente, associada a poucos sintomas nasais e tem uma recuperação rápida (semanas), enquanto outras anosmias pós virais tem uma recuperação lenta demorando meses. O paladar também pode ser afetado, pois são sentidos que se complementam. Usamos muito da olfação para distinguir as nuances dos gostos dos alimentos.

As teorias para que essa perda olfativa ocorra são danos aos receptores olfativos, que ficam localizados no “teto” do nariz, diretamente nas fibras nervosas ou indiretamente no tecido que nutre e sustenta essas fibras nervosas (células de sustentação)(1). O segundo mecanismo pode ser dano direto ao sistema nervoso central, tanto no nervo de condução quando na área do córtex que representa o olfato(2).

O que fazer em caso de perda ou diminuição do olfato? O médico apto a tratar do olfato é o otorrinolaringologista. Então uma consulta de orientação é muito indicada. De uma maneira geral a grande maioria das pessoas recupera essa perda olfativa naturalmente total ou parcialmente em semanas. Orientações gerais que devemos ter são prestar atenção nas datas de validades dos alimentos para não consumir nada estragado, evitar usar muito sal ou óleo na comida e usar pimenta para temperar. Ativar alarmes de incêndio, caso more sozinho, é algo a ser considerado.

Existem medicações que podem ser utilizadas, mas ainda sem fortes evidências científicas, mais em caráter experimental que poderiam na teoria diminuir o status inflamatório na região do bulbo olfatório, seu uso prós e contras deve ser avaliado individualmente com o médico. O que comprovadamente funciona é o treinamento olfativo orientado pelo otorrinolaringologista, no qual o paciente recebe uma lista de odores e deve cheirar 2x ao dia por 10 segundos cada substância. Isso ativa as sinapses neuronais e reforça a via olfativa.

Bibliografia:
1. Torabi A, Mohammadbagheri E, Akbari Dilmaghani N, Bayat AH, Fathi M, Vakili K, et al. Proinflammatory Cytokines in the Olfactory Mucosa Result in COVID-19 Induced Anosmia. ACS Chem Neurosci. 2020;
2. Laurendon T, Radulesco T, Mugnier J, Gérault M, Chagnaud C, El Ahmadi A-A, et al. Bilateral transient olfactory bulb edema during COVID-19–related anosmia. Neurology [Internet]. 2020 Aug 4;95(5):224 LP – 225. Available from: http://n.neurology.org/content/95/5/224.abstract
3. https://www.aborlccf.org.br/emc